Estrutura

Alunos do Getúlio Vargas vão estudar em contêineres

Depois de 90 dias sem aulas, Executivo assinou ontem contrato com empresa que fará a montagem da estrutura no local

Foto: Carlos Queiroz - DP - Educandário foi interditado por problemas no assoalho e no teto

Com o prazo de 45 dias estimado pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed) e tão aguardado pela comunidade da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Núcleo Habitacional Getúlio Vargas prestes a vencer, o prefeito em exercício de Pelotas, Idemar Barz (PSDB), assinou na quinta-feira (21) o contrato com a empresa responsável pela locação e montagem dos contêineres que irão receber os 368 alunos. A expectativa é de que em outubro as estruturas estejam montadas.

A notícia chega no momento em que pais e responsáveis já demonstram indignação pelos três meses de espera. “Não deram parecer por escrito. Só falam que vão fazer, mas não há nada de concreto. Entendemos perfeitamente que o local onde fica a escola é um bairro periférico e que não há um imóvel adequado para locação. Mas então por que não agilizar a locação dos contêineres?”, pergunta a mãe do Carlos Roberto, oito, e do Pedro Gabriel, cinco, e presidente do Comitê de Pais da Comunidade Escolar, Jéssica Fagundes, 27, sem ainda saber da novidade.

A explicação vem da titular da Smed, secretária Adriane Silveira. “O referido processo foi aberto pela Secretaria, a qual envidou esforços para encaminhar dentro da maior brevidade possível. Entretanto, como é de conhecimento a burocracia e as exigências de um processo administrativo, desde a fase de definição do objeto, bem como da cotação de mercado até o encaminhamento para elaboração da minuta contratual, surgiram necessidades de adequações técnicas e de segurança e esclarecimentos jurídicos, a fim de que o referido processo tenha o regular desenvolvimento. Registramos que a emergencialidade da contratação direta, através de dispensa de licitação, não evita que se cumpram todas as determinações legais”.

A secretária lembra, ainda, que por se tratar de uma estrutura que será utilizada como escola, se exigiu da empresa certificados e garantias de segurança específicas, o que aumentou o tempo de resposta.

Mesmo diante da justificativa, Jéssica ainda terá que desembolsar recursos por mais um mês para os serviços de uma babá. “Eu sou mãe solo. Tenho um companheiro que me ajuda, mas ele também trabalha. Então é preciso que seja definido o quanto antes a situação das aulas, pois meus filhos já estão apresentando problemas de desempenho por ficarem tanto tempo em casa”, explica. Ela conta que a pandemia já prejudicou o desenvolvimento de Carlos Roberto, que está no terceiro ano do Ensino Fundamental. “Quando estava começando a trabalhar a leitura, as aulas eram suspensas. Ele está com dificuldade no aprendizado e, com certeza, não haverá reforço que recupere esse tempo perdido”, avalia a diarista.

Sensação semelhante sente a autônoma Nathalia da Cunha Nogueira, 33. Ela tem duas filhas na escola, a Ana Vitória Radmann, cinco, no Pré-1, e a Milena dos Santos, oito, no 3º ano. “A pequena tem adoração pelo colégio. Pergunta quando vai voltar. Cheguei a tentar vaga em outra escola, mas não tem para as duas. Daí fica inviável”, lamenta. No caso de Milena, que está na fase de alfabetização, já é nítida a dificuldade com a leitura. “Elas desacostumaram com o ritmo da escola, o que disciplina horários e comprometimento com temas de estudo. Acredito que não se recupere, mesmo com um planejamento, pois estamos quase no final do ano.”

Sobre a recuperação das aulas, Adriane informa que será realizado um novo calendário escolar, contemplando os dias trabalhados e os que faltam para completar os 200 dias letivos e as 800 horas. O novo calendário letivo não irá coincidir com o final do ano civil.

Relembre
No dia 26 de junho, a Escola Getúlio Vargas foi interditada e as aulas suspensas por questões estruturais no assoalho de madeira e no forro do teto, problemas já apontados no início de 2022. Com a medida, os mais de 360 alunos tiveram as férias antecipadas, sendo que a promessa inicial da Smed seria a recuperação no início de agosto. O segundo semestre do ano letivo retornou e nada de aulas. No dia 27 de julho, moradores do loteamento e pais de alunos realizaram um ato de protesto, fechando a rua Leopoldo Brod, principal via de acesso entre as avenidas Fernando Osório e Ildefonso Simões Lopes. Na ocasião, a Smed garantiu que a escola Getúlio Vargas não passaria por reformas e uma nova estrutura teria de ser construída no local. Cinquenta e seis dias depois, o Executivo assina o contrato para a montagem dos contêineres, que tem previsão para ser entregue em outubro.

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